AS CAPAS – E CAMADAS – DE MARIA ALTAMIRA

A capa e a contracapa de “Maria Altamira”, o novo romance de Maria José Silveira, transmitem gráfica e metaforicamente o conteúdo do livro que sai agora em março, editado pela Instante.

Como disse a professora REGINA DELCASTAGNÈ, da Universidade de Brasília:

“Esse é um livro a ser percorrido ao som de um lamento, um texto que se contorce sobre si e se desloca, nos convidando a ir junto. São muitos trajetos possíveis, sem que se assinale um destino final: da cidade soterrada no Peru dos anos 70 às terras alagadas pela usina Belo Monte no Pará dos dias de hoje; da história de uma vida para sempre quebrada aos sonhos de liberdade e justiça que se renovam sem parar; dos vários sotaques do espanhol latino-americano, que se infiltram na escrita, ao português tão diferente dos diferentes interiores do Brasil, sem esquecer ainda as falas indígenas. São espaços e personagens com os quais nós, leitores/as de literatura, não estamos acostumados/as. Por isso, também, a surpresa da bela narrativa, que nos envolve e, de algum modo, nos responsabiliza. Como podemos desconhecer essas vidas e os tantos mecanismos em ação para destruí-las, como ousamos ignorar esse lamento, esse grito de revolta?”

Essa capa foi criada pela Fabi Yoshikawa. Nas ilustrações, feitas por Renato Hofer , os contornos da América ganham estampas inspiradas em grafismos de povos indígenas. E esse mapa da América do Sul serve como guia para leitoras e leitores acompanharem a trajetória de Alelí e sua filha, Maria Altamira.

O ponto de partida dessa história é a cidade de Yungay, no Peru, que em 1970 foi soterrada por um terremoto. Alelí, então com 16 anos, perdeu pais, irmãos, namorado e a filha de 3 anos. Em choque e sem forças, ela partiu sem rumo, percorrendo vários países da América do Sul até chegar a São Félix do Xingu, no Pará brasileiro.

É no Xingu que ela conhece Manuel Juruna, indígena por quem ela se apaixona e com quem tem uma filha, Maria Altamira.

O livro conta, ao mesmo tempo, a história de Alelí, de Maria e da cidade de Altamira, abordando conflitos como a construção da usina de Belo Monte, as reservas indígenas e o movimento dos sem teto, em São Paulo.

Com esta parte da capa, concebida pela Fabi Yoshikawa e ilustrada pelo Renato Hofer, nós mostramos a região do rio Xingu após a construção da Barragem de Belo Monte, destacando os trechos de vazão reduzida e de terras indígenas. A imagem é mais um apoio para o leitor acompanhar as histórias da cidade de Altamira e de Maria.

Filha de Alelí, criada na cidade de Altamira, Maria vive a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Ela está ciente de que a obra destruirá a vida de comunidades ribeirinhas e indígenas nas proximidades do rio Xingu.

Após um período morando em São Paulo, ela retorna ao Pará em 2015, mas não consegue aceitar com bons olhos a suposta modernidade e o progresso trazidos pela usina. Só existe a violência, as novas casas tristes dos ribeirinhos, tão distantes do rio (agora com peixes escassos e doentes) e os impactos sociais e ambientais nas aldeias indígenas.

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