O FANTASMA DE HERMAN KAHN CONTINUA PAIRANDO POR AÍ

Herman Kahn, o “futurista” da RAND e do Hudson Institute, ligados à Força Aérea dos EUA, na piscina do Copacabana Palace em sua visita ao Brasil

A publicação hoje de matéria no Estadúnculo sobre a liberação da ANEEL de continuidade dos estudos para  a implantação de mais três hidrelétricas gigantescas na Amazônia https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,aneel-libera-estudos-para-instalar-tres-megausinas-de-energia-na-amazonia,70003961654 despertou minha memória para os “estudos” de um famoso “futurista” do pós II Guerra Mundial, Herman Kahn. Quem quiser saber mais sobre o personagem, que inspirou o Dr. Strangelove (filme de humor negro do Kubrick, “Como Aprendi a Parar de me Preocupar e Amar a Bomba”). Quem não viu o filme que veja para saber do que falo e se divertir muito.

Pois bem, o futurista de fancaria, depois de trabalhar no RAND Institute (Research ANd Development) um braço de “pesquisa estratégica” da força aérea dos EUA, fundou um mafuá para ganhar mais dinheiro, tanto do governo ianque como de grandes empresas e outros governos, especialmente na América Latina. Mafuá de grande porte, esse de vender ideias estapafúrdias e especulações futuristas por milhões de dólares, na base do “se colar, colou”. Quem quiser ter uma visão geral da RAND e do Hudson Institute pode ler a matéria do New Yorker aqui (https://www.newyorker.com/magazine/2005/06/27/fat-man)

Uma das ideias desenvolvidas pelo Hudson Institute (um sub mafuá fundado pelo Kahn para ampliar suas fontes de renda) era um projeto de “grandes lagos” na Amazônia para… tã tã tã… gerar energia elétrica para o desenvolvimento e permitir o acesso mais fácil à região, incluindo Brasil, Colômbia, Peru e Equador. A joia do pensamento futurista era uma barragem perto do estreito de Óbidos, onde o rio Amazonas é mais profundo e mais estreito. Essa modesta intervenção (modesto aí no mesmo sentido da famosa “Modesta Proposta” do Swift) inundaria uma área de mais de mil quilômetros de largura.

Uma sub proposta desse grande lago era a do barramento no Xingú, aventado pelo General Costa e Silva, o segundo ditador. A primeira versão do que seria Belo Monte…

Agora eles querem foder com o Tapajós, que já está bem avariado pelos resíduos de mercúrio atirados no rio pelo garimpo. Olhem o mapa com a possível localização das três, todas na bacia do Tapajós, um dos rios mais lindos da bacia amazônica.

Pois bem, o Hudson Institute, o mafuá do Herman Kahn, acabou desenvolvendo várias ideias “futuristas”. E imaginem quem foi o primeiro a comprar essas possibilidades?

Bob Fields, também apelidado de Roberto Campos, Ministro do Planejamento do Castello Branco, vovô do financista que o bozo colocou no Banco Central.

Bob Fields chegou a organizar dois “seminários” com a presença do Kahn aqui na Pindorama. Foi esculhambado de cabo a rabo pela imprensa, pelo então ministro do interior da ditadura, o general Albuquerque Lima, e chegou a motivar a instalação de uma CPI, provocada pelo então Deputado Federal Bernardo Cabral (esse mesmo, o futuro pé de valsa ministro do Collor e namorado da Zélia Cardoso de Mello).

Para a compreensão mais abrangente sobre as andanças da RAND e particularmente do Hudson Institute leia também a interessante tese do prof. Fábio Andrioni, da USP, de 2014. https://docplayer.com.br/118391146-Universidade-de-sao-paulo-fabio-sapragonas-andrioni.html

Assim o Herman Kahn veio ao Brasil, duas vezes. A foto do Darcy Trigo, que lhe deu o Prêmio Esso de Fotografia, é patética. O cara saindo da piscina do Copacabana Palace, onde estava hospedado.

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