Morreu com ótima saúde!

Quem não ouviu essa piada? Fulano estava com ótima saúde, e bateu o pacau.

Hoje, no Caderno Aliás, do Estadão, um texto que me fez muito bem, e que assino embaixo. Assinado por Eduardo Goldenberg, advogado carioca, autor do livro “Meu Lar é um Botequim” (já encomendei), é desses que lava a alma. Aliás, o “Aliás” de vez em quando publica matérias que redimem uma boa quantidade das babaquices perpetrada diariamente pelo vetusto (melhor diria, velhusco) matutino que, algum dia, foi dos Mesquita.

O texto do Goldenberg, Bacon, seu gostoso , é uma apologia da comida gostosa e do bom viver, e uma gozação devastadora em cima dessas recomendações que volta e meia médicos, organizações de saúde e quejandos jogam para ameaçar o apetite e o bom viver das pessoas.

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No final do texto, conclui:

“Hoje, é uma de minhas bandeiras: não fazer parte dessa manada a caminho (com saúde impoluta) do sacrifício, da morte, do desaparecimento súbito e para sempre. Afinal, qual a graça de envelhecer (e de morrer) com a saúde que esses alertas da OMS pregam? Porque eles não almejam, exatamente, a saúde, eles almejam é processar (olha o processamento aí!) a humanidade, transformá-la numa massa amorfa, marchando (como se numa manada) com total assepsia em direção à inevitável morte, que sempre há de vir”.

Por certo, não quero morrer com saúde. Quero continuar desfrutando dos meus cigarros, meu uísquinho (que afinal, como dizia o Vinícius, é o cachorro engarrafado e eu, que detesto pets, me dou muito bem com esse melhor amigo do homem), ouvindo boa música, lendo bons livros, sempre pensando em política, me divertindo com amigos, filhos e netos. Amando sempre.

Da minha parte digo (a Maria José detesta que eu fale assim, mas como os homens vivem menos que as mulheres, aviso logo aos meus amigos): Quando eu morrer, não quero choro nem velas, mas também não quero só uma fita amarela gravada com o nome dela. Quero mais. Quero todo mundo bebendo, cantando e comendo. Falando das minha virtudes (poucas?) e das minhas canalhices (quantas?).

Acho que, no fundo, minha admiração pelos irlandeses vem da sua boa literatura, do uísque bem legal que eles fazem, da cerveja Guiness e da tradição do “wake”, essa alegre despedida abastecida com as comidas, bebidas e músicas que o falecido gostava.

Agora, pra cozinha, preparar um cabrito à caçadora com arroz e com bacon no refogado!

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