ARMÍNIO FRAGA, SÓCIO DE SOROS, NÃO LÊ JORNAIS

Um currículo de respeito:  durante seis anos o cargo de diretor-gerente da Soros Fund Management LLC; também trabalhou na Salomon Brothers em Nova Iorque e no Banco de Investimentos Garantia, no Brasil.

Um currículo de respeito: durante seis anos o cargo de diretor-gerente da Soros Fund Management LLC; também trabalhou na Salomon Brothers em Nova Iorque e no Banco de Investimentos Garantia, no Brasil.

O senhor Armínio Fraga, sócio do mega-especulador George Soros e cotado como eventual Ministro da Fazenda em uma hipotética (e improvável) vitória de Aécio Neves, tem dado repetidas demonstrações de que não lê os jornais econômicos.

Armínio insiste e repete que “a crise econômica internacional acabou há cinco anos”. Ou seja, para ele, a crise que começou com a quebra dos maiores bancos dos EUA em 2008 só durou um ano. De 2009 para cá (2014-5= 2009) o mundo vive em crescimento “modesto”, admite ele, mas sem mais crise.

A prova cabal de que não lê jornais, pensa que é onipotente (lembrem-se, na mitologia judaico-cristã-islamista, esse papel é reservado para o dito Todopoderoso). Assim, Armínio Fraga acha que os problemas do Brasil se resumem em “falta de confiança” – que ele e o Aecim, evidentemente – resolvem com uma varinha de condão. Plim, Plim (será que é o sininho da Globo também?) e o país, integrado nas principais correntes neoliberais, volta a crescer.

Volta a ficar bem pior, segundo a imprensa internacional.

Vide exemplos, todos deste mês.

O Estado de S. Paulo, Caderno Economia & Negócios, dia 11/10/2014.

O Estado de S. Paulo, Caderno Economia & Negócios, dia 11/10/2014.

frança 2
Será que li certo? “Segundo a S&P, a revisão “reflete a visão de um espaço fiscal em diminuição para o governo francês, à luz das perspectivas restritas de crescimento real e nominal da economia, contra um cenário de riscos à implementação de políticas”.

O Armínio não leu. Tal como o Arnesto não “punhou” um recado na porta, o mini-soros brasileiro também não leu mais esta:

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Sim, amigos, foi o próprio GROBO que publicou, mas o Armínio não leu.

Alguns trechos relevantes da matéria:

“Temores sobre recessão na Alemanha crescem com forte queda nas exportações
Em agosto, vendas para o exterior tiveram maior recuo desde o pico da crise
POR REUTERS
09/10/2014 9:17 / ATUALIZADO 09/10/2014 13:11
BERLIM – As exportações alemãs recuaram 5,8% em agosto, a maior queda desde o pico da crise financeira, informou a Agência Federal de Estatísticas do país nesta quinta-feira. O fraco desempenho fez com que importantes institutos reduzissem as estimativas de crescimento, alimentando o debate sobre se a Alemanha está fazendo o suficiente para impulsionar as economias domésticas e europeia.
O dado desta quinta é o mais recente sinal de que a maior economia da Europa está vacilando em meio à fraqueza na zona do euro e crises no exterior que afetaram a confiança e adiaram os planos de investimentos das empresas alemãs.
— A economia parece precisar de um pequeno milagre em setembro para evitar recessão no terceiro trimestre — disse o economista do ING Carsten Brzeski.
A agência de estatísticas informou que as férias de verão em alguns estados alemães contribuiu para a queda tanto das exportações quanto das importações, mas os números ainda indicam cenário obscuro para a Alemanha após fortes quedas nas encomendas industriais e dados de produção divulgadas nesta semana.”

Mas o Armínio não leu.

Para ele, lá fora tudo está uma maravilha.

A recessão acabou faz cinco anos, segundo ele.

Tampouco leu essas outras notícias desagradáveis:

(Também n’O Globo do dia 25 de setembro de 2014)

alemanha4
“FRANKFURT – Um dos principais indicadores da confiança das empresas alemãs caiu ontem mais que o esperado, para seu patamar mais baixo desde 2012, intensificando os temores de que a mais forte economia da zona do euro esteja ameaçada de entrar em recessão.
A vigorosa atividade econômica da Alemanha serviu de âncora para o restante da zona do euro durante quatro anos de crise intermitente e de crescimento irregular.
Uma estagnação do crescimento alemão faz prever problemas para países como França e Itália, que dependem fortemente do comércio com a Alemanha, e se encontram em condições econômicas muito piores.
A economia alemã já registrou um declínio no segundo trimestre, quando a produção caiu 0,2% em comparação com o trimestre anterior. Outro declínio trimestral consecutivo colocará o país em recessão.
“A maior economia da zona do euro atingiu um estágio perigoso entre um período fraco e uma quase estagnação mais prolongada”, disse Carsten Brzeski, economista do Ing Bank, numa nota aos clientes.
A pesquisa do Instituto Ifo de Munique mostrou que seu índice do clima para os negócios, um composto de expectativas dos gerentes em relação ao futuro e sua avaliação da situação atual, caiu de 106,3 em agosto, o patamar mais baixo desde abril de 2012, para 104,7 em setembro.
Na pesquisa, as expectativas para as empresas nos próximos seis meses chegaram ao seu nível mais baixo desde dezembro de 2012, caindo de 101,7 em agosto para 99,3. A pesquisa, que ouviu 7 mil gerentes, mede o clima em relação a 2005, quando o Índice foi fixado em 100.
“A economia alemã não está mais percorrendo um caminho suave”,
disse em um comunicado Hans Werner Sinn, presidente do Instituto Ifo”

“Crise intermitente?” como assim? Mr. Fraga disse que a crise já acabou…

Não, o presuntivo ministro do Aecim não leu isso.

Mas não é só na Alemanha e na França.

A merda está grande mesmo é em outros países.

Pra facilitar, já que o Fraga anda tão entretido em ver as garças (o “think tank” tucano se chama “Casa das Garças”, no Rio. Não é gracioso?), seguem só dois quadros.

O primeiro, do desemprego geral na Europa.

desemprego Europa 1

Mas a verdade é ainda mais trágica. Quem se fode mesmo são os jovens:

desemprego europa 2

Analfabeto acredito que o sr. Armínio Fraga não seja. Será um caso de cegueira seletiva?

Ou má fé?

Ou tão somente a visão distorcida que não reconhece que seu modelo econômico leva a isso?

Um modelo que até a Merkel já está abandonando…

Armínio Fraga, caia na real.

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O SACO DO AÉCIO, A FAROFA DA DILMA

Taquiprati

O Bessa é sempre o Bessa.

Às vezes se esquece de mandar o seu post semanal, e lá vou eu catar.

Publico o que o Babá escreve, mesmo que nem sempre concorde com ele. Mas dialogamos.

O Bessa, como meu amigo Haroldo Saboia, no Maranhão, é corajosamente consequente. O Bessa foi um dos fundadores do PT no Amazonas e desistiu, porque acha que o PT de lá virou um mingau muito indigesto. O Haroldo, que foi constituinte, deixou o PT do Maranhão porque sempre foi contra a oligarquia sarneyana e não aceitou que o PT local dobrasse a espinha para apoiar o Sarneyquistão.

O Bessa apoiou a Marina no primeiro turno – e discuti com ele sobre isso, e o Haroldo foi candidato a Senador pelo PSOL no Maranhão. Não lamento o Bessa ter perdido, até porque ele não era candidato a nada, mas lamento muito a derrota do Saboia.

De qualquer maneira, lá vai a última coluna do Bessa, no Taquiprati.

O SACO DO AÉCIO, A FAROFA DA DILMA
José Ribamar Bessa Freire
12/10/2014 – Diário do Amazonas

É duro admitir: neste caso quem tinha razão era Aécio. Dilma estava completamente errada. Temos de ser justos. Doa a quem doer. O PT pode estrebuchar, mas se fizer uma análise racional, fria e objetiva será obrigado a reconhecer que no primeiro turno Aécio anunciou parte da verdade. Dilma não. É que ambos, interesseiros, se beneficiavam, um com a verdade parcial, a outra com o engano integral. Desta forma, os dois foram recompensados com milhões de votos subtraídos à Marina, mesmo assim escolhida por 21% dos eleitores que agora são cobiçados por ambos. Por pura miopia, o PT não admite, mas é isso aí. O resto é nhem-nhem-nhem e lero-lero.
Provo e comprovo o que afirmo. A preferência de Dilma para o segundo turno era enfrentar o PSDB, cujo candidato, numa avaliação equivocada, lhe parecia o adversário mais fácil de derrotar. Já Aécio, caindo nas pesquisas, precisava passar para o segundo turno. Os dois se uniram momentaneamente em torno desse interesse comum: tirar do jogo Marina, transformando-a no alvo principal de suas criticas. Juntos, os candidatos do PT e PSDB somavam 16 minutos de TV que foram usados para triturar a candidata até então favorita nas pesquisas, mas com apenas 2 minutos para se defender dos ataques dos opositores. Fizeram tudo: enganaram e sequer hesitaram, coisa rara, em dizer a verdade.
Os enganos de Dilma
Houve tempo em que quem decidia no PT era a militância. Agora são marqueteiros contratados a peso de ouro. João Santana decidiu demolir Marina com artilharia pesada na propaganda eleitoral e nos spots televisivos que alimentavam os blogs petistas, se lixando para a verdade. O terrorismo eleitoral despolitizou o debate, desinformou e deseducou o eleitor. Com zero margem de acerto, apagou a história de Marina que militou trinta anos no PT. Inventou que ela era a nova direita, que ia acabar com o Bolsa-Família e com o Pré-Sal, que ia tirar comida do prato dos pobres, que era subserviente ao capital financeiro, que ia entregar o Banco Central à Neca de Pitibiribas.
Encomendaram artigos a seus “intelectuais orgânicos” que satanizaram Marina, apresentando-a como neoliberal e fundamentalista, destruidora da escola laica, disposta a ensinar nelas que o mundo foi criado em seis dias. Azucrinaram nas redes sociais, classificando-a de homofóbica e de discriminar os gays, sob a inspiração do pastor Malafaia. Muita gente boa, incluindo universitários, repetiram essas patranhas, sem ouvir o que a acusada dizia sobre a tolerância que professa e a diversidade que defende. O PT fez com Marina aquilo que Egberto Batista, o Podrão, marqueteiro do Collor, fez com o Lula. Hoje Collor faz parte da base aliada e João Santana é o Podrão do PT.
Incoerente, o PT aliado a Collor, Maluf, Sarney, Renán Calheiros, Barbalho e Kátia Abreu se mostrou escandalizado com o apoio da Neca de Pitibiribas e do filho de Bornhausen à Marina. Os spots na tv martelaram: “mentirosa!” Repetiram centenas de vezes: “mentirosa”. Aproveitaram o discurso de Marina sobre a CPMF, confundindo sua posição na votação da lei, que foi uma, com a regulamentação da lei, que foi outra. Erro equivalente seria se Marina chamasse Dilma de farsante, apresentada como Mestre em Economia, quando na realidade nunca defendeu tese. Era uma questão formal de confundir o curso que ela fez, com a titulação que não obteve.
Confesso que sofria cada vez que ouvia os spots chamando Marina de mentirosa, vendo a que ponto chegou o partido que ajudei a fundar. Ela foi ridicularizada como inconstante por mudar de opinião, como se fosse um crime rever posições. Nos blogs foram feitas menções depreciativas à sua aparência física de caboca e seringueira. Até o desastre de avião que matou Eduardo Campos foi considerado manobra da CIA para eleger Marina. Como disse um amigo gozando a paranoia do PT, o grande erro da campanha de Marina foi a CIA ter abatido o avião antes da hora. Ele vai reclamar com o George Soros, o empresário americano que tudo arquitetou.
A CIA deve estar morrendo de rir, porque caíram em sua armadilha. Não é assim que se defende os interesse populares: mentindo. Não é assim que se resolve as divergências: caluniando. É assim que se defende aparelho e cargos: obedecendo cegamente diretrizes do Partido e derrotando o pensamento. León Trotsky que o diga. Ninguém me contou, eu ouvi em 1968 militantes do PCB jurarem que Carlos Marighella era agente da CIA. Que horror! E o pior é que muitos acreditaram. Essa prática stalinista de queimar quem ousa criticar a linha oficial do partido continua sendo usada. Agora, o PT tem interesse em que aceitem o que disse Aécio no primeiro turno.
Com uma pequena margem de acerto para mais ou para menos, Aécio não errou quando durante a campanha anunciou para todo o Brasil:
– Marina e Dilma são farinha do mesmo saco.
Não discutiu o programa dela, nem apresentou o seu. Apenas bateu forte nessa tecla, sem dó nem piedade. Disse que Marina era do PT na época do mensalão, sugerindo – o que foi uma calúnia – o envolvimento da candidata com o esquema de corrupção que é – isso ele escondeu – uma invenção do PSDB mineiro. Convenceu assim aqueles eleitores antipetistas de Marina para que votassem não na menina nascida no Seringal Bagaço, mas nele, que era farinha de outro saco, impoluto. Surtiu efeito, embora ela nunca tenha usado verbas públicas para construir um aeroporto particular.
O saco do Aécio
Aécio, porém, acertou. O “mesmo saco” significa origens e ideias comuns. Marina tem uma história de lutas. Senadora e ministra do PT, partido que ajudou a fundar, atuou nas comunidades eclesiais de base e na CUT, comprometida com trabalhadores, seringueiros, índios, povos da floresta. Dilma chegou mais tarde ao PT, mas vem das lutas contra a ditadura e compartilhou os mesmos sonhos de mudança, noves fora a questão indígena e a ambiental. Aqui a presidenta é tão “crescimentista” quanto Aécio e ambos se distanciam de Marina. Aliás, foi por essas razões que Marina deixou de ser ministra do meio ambiente, onde travava combate desigual com Dilma na Casa Civil.
Portanto, são farinha do mesmo saco sim, mas com diferenças. Uma é farinha de trigo, a branca; a outra é de tapioca, aquela escura com a qual na Amazônia fazemos o beiju-pixuna. Tal diferença foi escondida dos eleitores por Aécio e Dilma, porque lhes era conveniente. Os dois esquartejaram Marina, um dizendo que ela era de esquerda, a outra jurando que era de direita. Ambos cometem estelionato eleitoral quando agora se desdizem. Inventaram ontem uma Marina para retirar-lhe os votos, hoje criam outra para se apropriarem dos 21% que ficaram. Cada um reivindica Marina para seus respectivos sacos. Acham que o leitor já esqueceu o que falaram. Esqueceu?
Os pobres, os lascados, os ferrados, a floresta, os índios não cabem dentro do saco do Aécio, cuja historia de vida pública foge da justiça social como o diabo da cruz. Ele e seu grupo político não tem qualquer compromisso com os direitos dos trabalhadores, a reforma agrária, a demarcação das terras indígenas, os programas sociais, a liberdade de imprensa, o combate à corrupção. Por isso levou uma senhora surra no Estado de Minas Gerais que governou. Lá, foi derrrotado nas urnas. É que os mineiros sofreram na pele e conhecem quem governou exclusivamente para os ricos.
Além disso, a forma como universidades, funcionalismo publico, aposentados e assalariados foram tratados por FHC nos dão uma ideia de um eventual governo de Aécio, o inominável homem das neves, que já fez seu ensaio geral em Minas. Os dois são vinhos da mesma pipa, com uma diferença: FHC é inteligente, Aécio é apenas esperto. O trator que Aécio passou sobre o jornalismo independente pode significar um retrocesso na liberdade de imprensa e de opinião, porque sequer os blogueiros, a quem ele está processando, foram poupados.
Se os assalariados que constituem uma força política são massacrados, o que dizer das minorias, incluindo ai os índios e quilombolas? Diante dos representantes do agronegócio, na sabatina que ocorreu na Confederação Nacional da Agricultura, Aécio já se comprometeu publicamente de retirar da FUNAI o poder de definir a demarcação das terras indígenas, acenando para a exploração dos recursos hídricos e minerais ali existentes.
Aécio se apresenta como o candidato da mudança. Desculpem o termo chulo, mas não é mudança porra nenhuma, nem aqui nem na China. O conceito de mudança implica transformação da realidade, avanço nas políticas sociais, mas o que ele propõe é um retrocesso, um retorno ao passado onde aposentados eram tratados como vagabundos. Ele vem não para mudar, mas para restaurar privilégios, alguns dos quais foram sepultados nos últimos doze anos. Já foi dito que no tempo de FHC, a única coisa melhor do que hoje era o PT.
Como um agrado aos ruralistas, Aécio defende a terceirização da mão de obra no setor agrícola, o que na visão de Marina estimula a exploração do trabalho escravo. “Não quero derrotar Dilma e o PT para colocar a mesma coisa no lugar” – declarou Marina, que cobrou de Aécio políticas ambientais, econômicas, sociais, incluindo a demarcação das terras indígenas. Agora Aécio, esquecendo o que disse no primeiro turno, jura que entre ele e Marina “há mais convergências do que divergências”.
– Nós trabalhamos para quebrar a polarização, não para reforçar um dos polos – afirmou a deputada Luiza Erundina (PSB). Efetivamente, Marina deve negar apoio aos dois candidatos. Quanto aos seus eleitores, cada um vote de acordo com sua consciência e sua história. Marineiro desde as eleições de 2010, sigo o orientação de Aécio. Posto que Dilma e Marina são farinha do mesmo saco, mudo de farinha, mas não troco de saco. Com feridas expostas e sangrando pela brutalidade do PT, mesmo assim voto em Dilma.Agora é Dilma.
Quanto aos sacos, só se mantém de pé se houver algo dentro. O de Aécio está vazio.
P.S. Agradecemos algumas ideias que circularam no Grupo Biorana e recomendamos a leitura do artigo de Daniel Aarão Reis – O voto da Geni publicado na Folha de São Paulo.

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PARA O PIG, AQUI TUDO ESTÁ RUIM E LÁ FORA UMA MARAVILHA

As manchetes dos jornais, diariamente, soltam o cantochão: no Brasil tudo está ruim, a Dilma é incompetente, o Mantega um pândego, bom é o Aécio e o Armínio Fraga vai por ordem na esculhambação.

Bom, como sempre digo, a manipulação aparece nas manchetes. E, mais significativamente, no que publicam lá no fundo do jornal.

As manchetonas são claras: O FMI diz que o Brasil vai mal.

Ora, ora, o FMI. Quem gosta dele é o PSDB. O FHC foi lá implorar os trocados depois de quebrar o país três vezes, aceitar o monitoramento da economia brasileira pelas doutoras Jul e quejandos. Que chegavam em Brasília para dizer ao dr. Pedro Malan: Faça isso, faça aquilo, e mais aquilo outro. As respostas de sempre: Sim, sinhá, sim, sinhô. Sim, sim sim. Só isso ou arrocho mais, sinhazinha?

Até que veio Lula, pagou tudo, e o Brasil virar credor do FMI. E a Dilma articulou a criação do Banco de Desenvolvimento dos BRICS.

Mas, para os colonizados de sempre, o que vale mesmo são as avaliações do FMI. “Çábios” que não sabiam nada sobre a fragilidade do sistema bancário internacional. “Expertos” que soltavam grana atrelada à compra dos produtos e serviços dos EUA.

E que o PIG continua louvando, como se vê nos dois recortes a seguir.

Mas, por favor, deem uma olhada no terceiro, que estava na dobra de baixo da penúltima página do caderno “Economia & Negócios”, também do Estadúnculo de ontem.

Manchete da 1ª. Página do dia 8/10/2014

Manchete da 1ª. Página do dia 8/10/2014

Manchete da 1a. página do Caderno Economia e Negócios

Manchete da 1a. página do Caderno Economia e Negócios

Página 8 do Caderno Economia & Negócios (ao lado dos anúncios institucionais)

Página 8 do Caderno Economia & Negócios (ao lado dos anúncios institucionais)

Como assim?
A Alemanha, esse modelo de tudo o que é “responsável” na gestão da política econômica?
A Alemanha, a mestre em dizer: arrochem, arrochem, demitam, cortem gastos, austeridade fiscal é a solução.
É mesmo?
Taí: arrocham, arrocham, cortam, demitem, cortam benefícios sociais, jogam gregos e espanhóis na miséria, forçam o abestado do Hollande a fazer a mesma coisa.
E aí está o resultado:
Não é “projeção”: 5,7% de queda na produção industrial desde janeiro! Contração de 4% só em agosto. Contração de 0,2% do PIB no segundo trimestre e ameaça de entrar na recessão pra valer até o final do ano.
Como, a Angela Merkel não é a versão moderna, mais eficiente e durona que a Maggie Thatcher?
E o Sigmar Gabriel não é um gênio que devia dar umas aulas para o Mantega?

Sigmar Gabriel, Ministro da Economia da Alemanha. A maior potência da Europa - maior aplicadora do arrocho - entra em recessão

Sigmar Gabriel, Ministro da Economia da Alemanha. A maior potência da Europa – maior aplicadora do arrocho – entra em recessão

Angela Merkel, a dama que era mais de ferro que a Thatcher - mas a recessão não tem medo de cara feia. Chegou e se instalou. Tudo vai bem?

Angela Merkel, a dama que era mais de ferro que a Thatcher – mas a recessão não tem medo de cara feia. Chegou e se instalou. Tudo vai bem?

Mas existe uma gente triste.

Colonizada.

Aécio, o ilustre membro da família Neto. A oligarquia triste e de cara feia que quer levar o Brasil para o retrocesso.

Aécio, o ilustre membro da família Neto. A oligarquia triste e de cara feia que quer levar o Brasil para o retrocesso.

Armínio Fraga - sócio do mega-especulador Soros - que quer vender os bancos públicos e diz que o salário mínimo "cresceu demais".

Armínio Fraga – sócio do mega-especulador Soros – que quer vender os bancos públicos e diz que o salário mínimo “cresceu demais”.

Que gente triste, mesmo.

Que se orgulha de ser colonizada.

Expressão real da síndrome de vira-latas, a tal do contraditoriamente formidável Nelson Rodrigues.
O Estadúnculo publica a matéria, lá no fundo. Só quem lê jornal com muita atenção e vai além das colunas sociais percebe o tamanho da encrenca em que a Europa está metida. E aí o Estadúnculo pode dizer que “noticiou”.

De fato.

E manipulou conscientemente, acrescento eu.

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ESSA SÃO PAULO COMPLICADA QUE EU AMO

Sou paulistano nascido em Manaus. Optei por viver nessa cidade super complicada. E gosto daqui precisamente por isso. Não é nem um microcosmo. É um micro-macrocosmo desse Brasil que é outra complicação.

Mas,o que seria da vida se acontecesse tudo exatamente como cada um de nós deseja?  Impossível. Meu desejo choca com o seu, com o seu, e com o do outro não é exatamente igual, e por aí vamos.

Vejam só. Saí hoje de casa para votar com a camiseta que não apenas era vermelha, como era uma homenagemà Revolução de Outubro. Já que não se pode sair com camiseta do candidato, resolvi sair de vermelho-revolução (ainda que a de Outubro seja apenas um retrato na parede que, como diria Drummond, dói demais). O porteiro do prédio já foi brincando: – Já sai vestido de petista, seu Felipe! E eu respondo, – Para votar certo, não é mesmo, André? E ele solta uma risadinha (cúmplice, talvez?).

E lá vou eu, meio uniformizado de petista para votar no Colégio São Luís. Os jesuítas, que não são bobos, construiram um enorme complexo na Paulista, com o Colégio, a igreja, um grande edifício comercial, várias lojas, um centro de feiras, espaço para as recepções de casamentos e batizados, of course. E o Colégio, que já não atende os indiozinhos da Piratininga, hoje é centro de formação dos filhos da elite católica paulistana, com algumas bolsas de lambuja, por certo.

Na porta do Colégio, depois que votei e tirei foto com os mesários desci, e lá se aproxima uma senhora que me pede ajuda. Quer saber como se vota só na legenda. (Eu uniformizado). Sim, senhora, em que partido a senhora quer votar. – Já sei o número. É o 45. Mas não sei como se vota. (Eu uniformizado). – Pois não, é assim. Quando a senhora chega lá na cabina, vai aparecer o quadro de votação. A senhora digita 45 e aperta “confirma”. Aí aparece o outro quadro e a senhora vai fazendo a mesma coisa, até chegar na votação para presidente, e quando a senhora digitar o 45 vai aparecer a foto do Aécio e a senhora “confirma”. (Eu uniformizado). Ela sorri e diz: – Ah, então é só isso? (A mulher era mesmo uma sonsa, coitada). Ela me agradece e entra pimpona para votar no Aecim do Aeroporto. (Eu uniformizado). É claro que nem tento modificar o voto dela, que evidentemente é uma nelsonrodrigueana idiota, com total ausência de simancol. Deixo a coitada ir votar em paz, e que faça o proveito que lhe fizer bem com o que ensinei.

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FALTA D’ÁGUA EM SÃO PAULO PODE AFETAR BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA

O iminente anúncio oficial do racionamento de água na região metropolitana de S. Paulo (racionamento que já está sendo aplicado de fato) pode afetar a balança comercial brasileira.

A reportagem da Agência Ruters investigou a possibilidade a partir do anúncio de que grupos de moradores das regiões de maior poder aquisitivo de S. Paulo já tomaram providências para a importação de água mineral da França para garantir o abastecimento de água para beber, cozinhar e banho. A água para a descarga de banheiros, segundo apuramos, vai ficar por conta do abastecimento da SABESP.

Entrevistamos o Doutor Augusto Tibiriçá Bueno de Prado e Penteado, um paulistano “quatrocentão” e morador de Higienópolis, que nos disse que o condomínio onde mora já tomou providências para enfrentar o racionamento inevitável de água nos próximos meses.

A EVIAN, sem sódio, foi testada por um dos melhores chefs paulistanos para ser usada na cozinha.

A EVIAN, sem sódio, foi testada por um dos melhores chefs paulistanos para ser usada na cozinha.

“O condomínio resolveu reformar as instalações do edifício. Instalamos novo sistema de encanamento para fornecer água diretamente para os sanitários, e o outro abastece chuveiros e cozinha. Somos um condomínio com uma visão bem moderna e ecológica do problema. Para a água dos chuveiros e da cozinha já contratamos a importação semanal de conteiners com 50 mil litros de água mineral EVIAN, da França, que é livre de sódio e ótima para cozinhar, segundo testes que encomendamos a um dos principais chefs de S. Paulo. Para beber, estamos importando também carregamentos semanais de 1.000 litros da água mineral Perrier. Sua Excelência o Governador Geraldo Alckmin nos garantiu pessoalmente que não haverá problema de água para os sanitários, e já orientou seus competentes auxiliares para que nos ajudassem com as licenças de importação. Já estamos com a documentação em mãos. Estamos importando também uma quantidade significativa de desodorizantes de uma marca de prestígio da PROVENCE, também da France. Fazemos questão de manter um ambiente agradável em nossas casas, e principalmente nos banheiros, que podem ser afetados pelo odor peculiar da água da SABESP.”

A reportagem apurou que outros condomínios de luxo de bairros como Granja Viana, Jardim Europa, Itaim Bibi. Granja Julieta. Alphaville, Morumbi, Tamboré e outros também estão tomando iniciativas semelhantes. Em vários deles, entretanto, houve discussões acirradas sobre de onde importar a água. Alguns optaram pelas águas italianas Panna e San Pellegrino e houve quem batalhasse para importar a água da marca portuguesa Pedras Salgadas.

A Perrier será usada apenas para beber

A Perrier será usada apenas para beber

Os desodorantes de ambiente para banheiro trarão o cheiro da PROVENCE

Os desodorantes de ambiente para banheiro trarão o cheiro da PROVENCE

PRODUTORES PARAGUAIOS TAMBÉM SE PREPARAM PARA APROVEITAR A OPORTUNIDADE DE MERCADO

Nosso repórter Leonêncio da Senhora Aparecida viajou até Assunção, no Paraguai, e entrevistou vários produtores de água mineral naquele país, sob condição de anonimato. Os produtores paraguaios de água mineral já se articularam com seus colegas de exportação não-convencional de cigarros para o Brasil para usar as mesmas rotas e mandaram fabricar também rótulos idênticos ao da água de EVIAN. Segundo eles, a opção pela EVIAN se deve a que a garrafa usada pelo produtor francês pode ser imitada com mais facilidade, pois eles usam também embalagens PET. “A Perrier é mais difícil, pois teríamos que encomendar as garrafas no mesmo formato e na mesma cor para atender o segmento premium que a consome”, informaram.

A produção paraguaia tem características artesanais

A produção paraguaia tem características artesanais

REPERCUSSÃO

A Associação dos Produtores de Águas Minerais do Brasil, informada dos planos da elite paulistana, declarou-se surpresa e chocada.

“Estamos com capacidade para abastecer com segurança a população paulistana. Já temos licença outorgada pelos estados de S. Paulo, Minas Gerais e Goiás para perfurar com tecnologia moderna e extrair água do aquífero Guarani, que será devidamente filtrada e fervida para abastecer o segmento premium, ou simplesmente filtrada para consumo pela pujante classe média paulistana, com um preço um pouco menor por litro”.

A senhora Graça das Fontes, gerente executiva da Associação, garantiu que não há necessidade de pressionar a balança comercial Brasil/França com a importação de água mineral daquele país.

Questionado sobre esse ponto, o Doutor Augusto Ubirajara respondeu, sorrindo: “Somos poucos os que podem garantir saúde e higiene a esse nível para suas residências”.

De S. Paulo, Assunção e Paris, com correspondentes.

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CORRUPÇÃO: O MAL DE TODOS OS MALES OU TRAGÉDIA DO SISTEMA?

Capturar

Se não fosse patético, seria até cômica essa troca de acusações sobre corrupção que acontece dentro do âmbito político – não apenas nas campanhas eleitorais.

Mas, na verdade, é uma tragédia. Reflete uma profunda incompreensão da sociedade capitalista, em primeiro lugar. E é também um fator de despolitização das discussões políticas. Ao reduzir a maioria dos problemas do país a uma questão de corrupção, os problemas centrais são, na maioria das vezes, jogados a segundo plano. O debate, tal como é conduzido, despolitiza tudo e assume um plano simplesmente moralista.

Não, não se trata de “eu faço, mas eles fazem mais e são piores”. Nada disso. Felizmente o jocoso lema de “rouba mas faz” pode até ser aplicado na prática por alguns personagens, mas ninguém ousa dizer isso em voz alta.

Acho importante lembrar algo fundamental: a exacerbação da corrupção é um componente integrante do sistema capitalista. O ambiente de competição, de riqueza material a qualquer custo, de satisfação imediata geral sempre, de modo contínuo e em escala cada vez maior, produz tipos que procuram se aproveitar de qualquer brecha para enriquecer, e em escala industrial.

E isso está longe de acontecer apenas na esfera pública. Muito pelo contrário. Em primeiro lugar, porque se existem corruptos na administração pública isso acontece paralelamente à existência dos corruptores. E esses são os grandes ganhadores dessas paradas.

Mas a corrupção não existe apenas nas relações entre empresários e funcionários públicos. A espionagem industrial não passa de eufemismo para roubo. Os mecanismos de formação de trustes, que a Amazon está aplicando agora mesmo no mercado editorial/livreiro, não são mais que formas disfarçadas de jogo bruto e corrupto para dominar os mercados.

A sonegação, o “cafezinho pro guarda”, as espertezas que todos – uns mais, outros menos – aplicamos no dia a dia também não são mais que eufemismos para essa praga derivada do capitalismo, que é a corrupção. E atire a primeira pedra quem nunca pecou nisso, “esqueceu” de pedir a nota fiscal em troca de um desconto e tantas outras manifestações do mesmo tipo. Na verdade, toda infração às normas da convivência social que implica em alguma vantagem financeira ou monetária revela, desde o grau menor até os grandes, um espírito hipócrita derivado desse próprio sistema social. No final das contas, o desrespeito ao pacto social – ao contrário da luta pela modificação de aspectos desse pacto – é, de fato, uma manifestação do caráter profundamente corrupto da sociedade em que vivemos.

Infelizmente, isso também não é privilégio do capitalismo “puro”. Até hoje, para pesar dos que apostam um uma utopia social – nenhuma sociedade conseguiu se livrar da ganância e do desejo de posse de coisas materiais, que são mãe, pai, ascendentes e descendentes da corrupção nossa do dia-a-dia.

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Coxinha e reaça não lêem jornal, só as manchetes

Uma das coisas que percebi com mais clareza nos últimos dias é essa: coxinha e reaça não lêem jornal, só as manchetes. E isso explica muitas coisas.

Sempre que falamos de manipulação das notícias por parte da grande imprensa, pensamos em duas coisas: editorialização das matérias e omissão de informações. A editorialização é, de fato, bem comum. Uma enorme cabeça de cera com a opinião do ilustre órgão abre as matérias antes que a notícia seja propriamente dada. A omissão, como o nome indica, também acontece com muita frequência.

A editorialização, no entanto, é muito rejeitada, até mesmo pelos jornalistas mais comprometidos com a linha editorial do respectivo jornal. E a omissão definitivamente pega mal.

Mas os donos e seus prepostos sabem muito bem como fazer. Não omitem. Colocam matérias pequenas, na parte de baixo das páginas internas, preferencialmente no meio de notícias bem segmentadas – carros, noticiário de preço de commodities, coisas assim. A notícia sobre a recessão e a diminuição do PIB da Alemanha foi assim. Mas saiu, e o Estadão não pode ser acusado de omissão. Isso, é claro, vale para os jornais noticiosos, como o Estadão e o Globo. A Folha só tem colunistas e palpiteiros em geral para atender a seus vários públicos e pouco se importa com o noticiário.

Mas existe um ponto em que mesmo os redatores perdem controle do que sai: os títulos, sempre colocados pelos editores e pelas chefias em geral. Aí que está o pulo do gato.

A maioria absoluta dos leitores só presta atenção nas manchetes. Não se dá ao trabalho de ler toda a matéria. E “forma” sua opinião a partir do que lê manchetado, especialmente na primeira página.

Aí a barra pesa mesmo.

Vejam bem, fiz um levantamento – bem precário, reconheço, ou melhor, nada científico, pois só em cima dos comentários a que tenho acesso -, sobre vários assuntos da atualidade política.

Um dos últimos foi sobre as duas recentes reuniões na ONU, a Cúpula do Clima e a Assembléia Geral, e todas focadas… nas manchetes dos jornalões sobre o assunto.

Sobre a Assembléia Geral, as manchetes foram praticamente unânimes, no sentido de dizer que a Presidenta Dilma aproveitou a oportunidade para “fazer propaganda” do seu governo. Como fez propaganda? Deu destaque para algo que é, sobre todos os aspectos, muito importante e reconfortador: a FAO declara que o país saiu do Mapa da Fome. Ninharia, dizem. O que importa foi que a Presidente… disse isso. Mas o que ela disse não saiu. Os argumentos para a não assinatura do tal acordo sobre as florestas foram solenemente ignorados. Só se manchetou o não, e o porquê estava lá no fundinho de algumas matérias.

Aqui está o trecho da entrevista que a Presidenta deu logo após a Assembléia.. A íntegra pode ser lida no www.planalto.gov.br onde também está reproduzido o discurso na Assembléia Geral.

Presidenta: Esperei vocês chegarem aqui, sei que não é fácil. Bom, vocês viram hoje o meu discurso da ONU, mas eu queria mostrar para vocês, eu trouxe aqui e vou pedir até para o Olímpio distribuir para vocês. O que eu trouxe? Eu trouxe o mapa que o pessoal da FAO me deu, que mostra… eu vou mostrar, o mapa da FAO é esse aqui. É o Brasil ficando, essa cor que tira o Brasil do mapa da fome, assim como Uruguai e Argentina – eu acho que eles já estavam fora -, e o Chile. O que é muito interessante. Aqui os países que estão em branco são aqueles que estão fora do mapa da fome, onde não tem subnutrição. E esse aqui é aqueles que atingiram o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio – ODM, que é a fome zero, esses são, esses dois, o mapa da fome. Eu vou distribuir, aqui tem mais esse complemento ainda, mas eu vou distribuir para vocês.

Jornalista: O verde então é quem faz…

Presidenta: O verde está aqui escrito: A prevalência de under… de subalimentados na população, percentual, e aqui na tabela eles mostram que os branquinhos são aqueles que saíram do mapa da fome. Os que não são branquinhos estão no mapa da fome.

Jornalista: A senhora destacou muito, presidente…

Presidenta: E outro é esse que é o desenvolvimento, o cumprimento do Desenvolvimento do Milênio, o objetivo, que é não-fome.

Jornalista: Nos países da Europa, até porque eles já não tinham esse problema. Por isso que eles estão branquinhos aí?

Presidenta: É, aqui é por isso. Mas aqui, de qualquer jeito, eu vou dar para vocês, eu só vou levar o meu, só vou levar o meu. Eu queria falar só sobre algumas coisas. Primeiro, ficou visível uma questão que eu queria deixar claro, o que acontece. Naquela declaração apresentada por alguns países, não foi apresentada pela ONU, não é uma declaração da ONU sobre florestas. Foi apresentada por três países: Alemanha, Reino Unido e Noruega, algumas ONGs e empresas internacionais, empresas privadas internacionais.
Por que é que o Brasil se recusou a assinar? Primeiro, porque não nos consultaram. Somos um país com uma grande quantidade de florestas que temos, reconhecidamente, do ponto de vista internacional, a melhor política de [contra] redução de florestas. Nunca nos consultaram. Um dos assessores disse que não nos acharam, coisa um pouco difícil dado o tamanho do país. Além disso, além de não terem nos consultado, tem uma segunda questão: eles propõem algo que é contra a lei brasileira. A lei brasileira permite que nós façamos o manejo florestal. Muitas pessoas vivem do manejo florestal que é o desmatamento legal sem danos ao meio ambiente. É o fato que nas beiras, principalmente nas populações tradicionais, você pode ter o manejo florestal. Então, também pelo fato de que contraria e se contrapõe à nossa legislação.

Outra manchete escandalosa, comentada e vilipendiada foi a versão da entrevista coletiva que a Presidenta deu após a Assembléia Geral, especialmente sobre a atual fase do conflito no Oriente Médio.. O PIG destaca que a Dilma “defende o diálogo” com o tal de califado islâmico. Eu me pergunto: quantas pessoas passaram para além da manchete e leram o que a Presidenta falou. Ou, pior ainda, quantos jornais publicaram na íntegra a resposta? Podem ir atrás. Nenhum publicou toda a resposta. Só a versão que editaram ao seu bel prazer.

Pois bem, aqui está:

Jornalista: Presidente, é possível negociar com o Estado Islâmico, desafiando o Iraque? Esse é o ponto que o presidente Barack Obama (incompreensível) não é possível negociar…

Presidenta: Gente, vocês acreditam que bombardear o ISIS resolve o problema? Porque se resolvesse, eu acho que estaria resolvido no Iraque. E o que se tem visto no Iraque é a paralisia. Isso não sou eu que estou dizendo, é só vocês lerem o New York Times de ontem. O que o New York Times disse: que houve uma estagnação. Por quê? O ISIS tem apoio de comunidades sunitas. Então, o que se tem de olhar é, de fato, a raiz desse problema. Vocês sabem aquele negócio, quando você destampa a caixa e sai todos os demônios? Os demônios estão soltos, todos. Não vamos esquecer o que ocorreu no Iraque: houve uma dissolução do Estado iraquiano, uma dissolução. Então, hoje, a gente querer simplesmente bombardear o ISIS, dizer que você resolve porque o diálogo não dá. Eu acho que não dá, também, só o bombardeio, porque o bombardeio não leva a consequências de paz. Por que você quer bombardear? Por quê? Por que alguém internamente quer que você bombardeie? Você vai bombardear para quê? Para garantir a paz?

Jornalista: Presidente, na invasão do Iraque, originalmente, o Conselho de Segurança da ONU votou contra a invasão do Iraque, e ainda assim os Estados Unidos liberaram esse movimento de invasão do Iraque. Qual a esperança que a senhora tem? E depois disso nada aconteceu e ficou por isso mesmo… Ser possível modificar essa organização, que foi totalmente inefetiva, que não conseguiu barrar uma invasão do Iraque, como era a maioria da intenção dos países aqui representados. E depois disso nada aconteceu. Que representatividade ela tem, e como é possível mudar essa representação?

Presidenta: Olha, eu acho que primeiro a gente sempre tem de ter esperança. Eu tenho esperança que mude. E o meu papel, como representante de uma nação do porte do Brasil, que é uma nação reconhecidamente pró-paz, que nunca atacou, nunca teve uma ação ilegal nessa área, é minha obrigação defender que isto não se repita. Que não se faça ações fora do âmbito da legalidade da ONU. Primeiro porque, como você mesmo disse, está claro que a invasão do Iraque não resultou na paz no Iraque. Está… é, assim, os fatos gritam, então é uma discussão que eu não vou travar aqui, se resultou ou não, está na cara que não resultou. Não resultou, tanto é que hoje bombardeiam o Iraque, hoje há, Inclusive, esse produto, esse subproduto da invasão chamado ISIS.

 Mas, evidentemente, as sutilezas da posição diplomática brasileira – que envolvem a Palestina e a agressão israelense – e têm como pano de fundo o boicote que os EUA fizeram à iniciativa do Brasil e da Turquia de promover um acordo que simplesmente avançava mais que o que atualmente está sendo alegremente negociado.

Mas coxinha e reaça não gostam de sutilezas.

E é aí que entra o papel manipulador e reacionário do PIG: DISTORCE NA MANCHETE. Como os idiotas só lêem a manchete, está criado o clima.

Precisa mais que esses últimos exemplos?

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GLOSSÁRIO DE LEIGO SOBRE O ECONOMÊS DOS “ESPERTOS”

Não sou economista. Minha formação é de antropólogo. Mas uma das coisa que se aprende é buscar o significado oculto do que dizem os entrevistados no trabalho de campo.

Vale para nossa sociedade. Em particular, para decifrar, por trás do linguajar pseudo técnico de alguns especialistas, o significado efetivo em português simples e corrente.

A leitura do noticiário publicado pelos jornalões é sempre um campo ótimo para se fazer esse exercício. Quando é a fala dos “espertos” em economia, então, é preciso um cuidado excepcional.

Segue o primeiro desses verbetes interpretados com simplicidade.

ESTADO MINIMO – é um dos pseudo conceitos preferidos do tucanato. Na sua versão oficial, se apresenta como um aparelho estatal dedicado exclusivamente a tarefas básicas, como proporcionar saúde, educação e segurança. O resto deve ser deixado nas mãos da iniciativa privada. Os mecanismos reguladores, deixados aos cuidados de agências independentes, que tão somente atentam para os aspectos regulatórios gerais dessa ação empresarial. O Banco Central, o guardião da moeda, deve também ser independente, recebendo mandatos fixos e total independência para cuidar de sua missão básica, que seria manter a inflação sob controle – o fluxo de moedas –, deixando, então que o crédito e os demais componentes de uma política econômica se auto-regulem por mecanismos de mercado.

Por trás disso se escondem algumas outras coisas. E é bom começar pelo final, a tal independência do Banco Central. Evidentemente o controle da moeda é fundamental. Inflação penaliza os pobres, os que não vivem de renda. Mas esse controle da moeda deve estar subordinado a outros fatores de política econômica, inclusive os mecanismos de crédito e os que permitem uma expansão dos programas sociais. A exclusividade do controle da inflação, sem levar em consideração as condições para expansão do emprego é a raiz do “estado mínimo”. Atarraxado em uma política monetária recessiva e simplesmente anti-inflacionária não sobra dinheiro para mais nada, nem para investimentos. O resultado já se viu.

Para fazer o arremesso de política social promovido pelo FHC (o pai de todos), foi preciso usar um trocado da privatização, até para justificar a venda desenfreada do patrimônio público. E a própria privatização vem justificada pela ineficiência das telefônicas estatais.

Ora, nem precisa ter memória. Basta dar uma googlada para ver que a ideia do “estado mínimo” já vinha de antes, e desde os militares, passando por Sarney, Collor e Itamar, os investimentos das estatais eram simplesmente bloqueados… em nome do famoso superavit. E quem não investe, não pode se atualizar. E abre o espaço para justificar a privatização, pois eram empresas “incompetentes”, e viva os espanhóis, italianos e mexicanos que avançaram na área. E a Vale e a CSN? Privatizadas com belo apoio do BNDES, com o uso dos chamados “créditos podres”… e aí ficam os pseudo investidores, que usaram recursos públicos – tal como o tal do Eike – para comprar o patrimônio público a preço de banana amassada na xêpa da feira…

Tudo em nome do controle da inflação. Que teve os belos resultados que conhecemos com Sarney e Collor, acentuando o que já vinha dos milicos.
FHC cortou o processo inflacionário, e de modo inteligente, sim. Mas completou o servicinho fechando a capacidade de investimento do estado e privatizando o que levou alguns anos para caracterizar como empresas ineficientes.

O que sobra agora para privatizar e não cortar os programas sociais – por algum tempo.

A Petrobras, é claro.

Mais verbetes em breve.

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O CARAPANÃ E A ABELHA MAMANGÁ

O carapanã é, antes de tudo, um chato.

A sua aparência, entretanto, revela o contrário. É ágil, magro, elegante. Possui a plástica implacável de quem sabe voar sem parar, com aparente objetividade.

É gracioso, apesar de cabeçudo, assume uma postura ereta quando pousada, seja na pele de alguém, seja esperando sobre uma folha para o momento de atazanar o ouvido de algum incauto. O carapanã não escolhe. Cata o primeiro que aparece: homem, mulher, criança, grávida, velho. Qualquer vítima satisfaz sua sanha.

Antes de pousar, sempre faz questão de voar rente aos ouvidos da vítima, emitindo um zumbido cruel e chatíssimo, agudamente monocórdico. Dizem que os cientistas nazistas se inspiraram naquele ruído chato e aterrorizante para os Stukas, que também desciam em picada

O Carapanã no ataque!

O Carapanã no ataque!

Quando pousa, pica, enche o bico com o sangue da vítima e, depois de mais alguma zumbidas, esconde-se em algum lugar sombrio para digerir o sangue sugado.

Depois de algum tempo, usa sua aerodinâmica zumbidora e sai caçando uma nova vítima. E pica. Mas, dessa vez, além de aporrinhar o ouvido da vítima, injeta na corrente sanguínea do coitado os resíduos do sangue da sugada anterior. E ai se o primeiro tiver malária, leishmaniose ou outra doença dessas que infestam as matas tropicais, pumba. Encheu a pancinha magra, aerodinâmica e esquelética e deixou na corrente sanguínea o vírus assassino que pescou na primeira.

Não é seletiva como seu primo que emigrou do Egito e se especializa em uma única doença, o dengue. Não, o carapanã não é nada seletivo. O que picou, corre o risco de ir passando, passando, infectando, transmitindo sofrimento e morte.

A abelha mamangá é de outro tipo. Sai da colmeia em busca do néctar que será transformado em mel.

É uma cientista nata.

Mamangá, a Abelha cientista!

Mamangá, a Abelha cientista!

O voo da abelha-mamangá, ou mamangaba, talvez pareça aleatório quando as operárias saem para recolher pólen e néctar. Mas pesquisadores da Universidade de Londres concluíram que, na realidade, os canteiros de flores são palco de elaborada coreografia. Cada uma dessas abelhas do gênero Bombus tem o cérebro do tamanho de uma semente de grama, mas pode realizar uma colheita tão eficiente que soluciona um enigma da matemática: o problema do caixeiro-viajante.
O desafio está em achar o caminho mais curto para visitar todas as flores antes de voltar para a colmeia. Um computador faria uma montanha de cálculos, avaliando as rotas. Já as mamangabas recorrem à memória espacial, reajustando a jornada por um método de tentativa e erro. (Dica: passar para a flor mais próxima não é a resposta certa.)
Os cientistas sabem por que elas agem assim: voar é exaustivo. Agora o que estão tentando entender é como elas fazem isso. Descobrir o que determina suas decisões talvez possa ajudar no aperfeiçoamento de nossas redes de transporte e comunicação.
Os dois insetos representam polos bem diferenciados dessa imensa diversidade da natureza. O carapanã é deletério, chato, inferniza a vida das pessoas com o zumbido irritante.

A mangangá, por outro lado, produz doçura e bem estar com enorme eficiência. Contribui para a eficiência de suas colegas de colmeia e é generosa, permite que os homens desfrutem também do mel que é coletivamente produzido na colmeia.

Coisas da natureza.

(Obrigado ao National Geographic)

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Subnitrato de pó de peido – a isso o Aecim foi reduzido pela Luciana Genro

O Bessa não perde a pose e a verve. Mal me lembrava desse xingamernto amazonense. Reduzir um cara a subnitrato de pó de peido era dizer que o cara … bem, só repetindo: não passava de subnitrato de pó de peido. Ra ra ra, diria o Simão.

Em novo post no TaquiPraTi, relata o nocaute que a Luciana Genro tascou no Aecim no debate na CNBB.

A moça não brinca em serviço, saiu bem filha do paizinho Tarso Genro.

Olhem só:

Taquiprati

SOBRE MULHERES E PASPALHÕES
José Ribamar Bessa Freire
21/09/2014 – Diário do Amazonas

Aecio nocauteado

Depois da porrada que pegou da candidata Luciana Genro (PSOL), nesta terça-feira (16), Aécio Neves (PSDB) ficou com cara de égua, não há mais qualquer diferença entre ele – o homem do aeroporto – e Levy Fidelix (PRTB) – o homem do aerotrem.

A surra de Luciana, com todo respeito, reduziu Aécio a subnitrato de pó de peido. Aconteceu no debate entre os principais candidatos à Presidência da República realizado pela CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Se houvesse uma Lei Afif Domingos, punindo opositores que nocauteiam seus adversários em debates televisivos, ela poderia ser agora invocada.

Vocês lembram de Guilherme Afif Domingos? Em 1989 era o candidato do PL a presidente da República. Disparava nas pesquisas em ascensão alucinante. O jingle “Juntos chegaremos lá” era cantado – que desespero! – até por meus sobrinhos pequenos em Manaus. Foi aí que no debate da Band, Afif cutuca Mário Covas (PSDB) com vara curta perguntando com qual cara ele ia se apresentar na eleição. Covas, rápido no gatilho, desossou seu oponente. Desmontou Afif letra por letra. Não ficou efe sobre efe. Não sobrou nem o Ai. O Brasil inteiro testemunhou a vertiginosa queda: “juntos chegamos ao chão”.

A cara de égua de Afif era o sinal de sua derrota. Até as crianças,envergonhadas, deixaram de cantar o jingle pegajoso. Inspirado na Lei Maria da Penha que pune a violência doméstica e familiar praticada por machões covardes contra as mulheres, o PSDB vai apresentar o projeto da Lei Afif ao Congresso Nacional, proibindo desmascarar os caras de égua fora do cio em debates públicos.

 

Uma ova

 

Aécio cara de égua espantada

Aécio cara de égua espantada

Não vi o debate ao vivo, mas fui advertido por um amigo em Florianópolis, onde me encontrava para um evento na Universidade Federal de Santa Catarina. Ele admitiu, brincando, que a performance de Luciana Genro fez com que duvidasse do seu próprio voto em Dilma. Procurei e encontrei facilmente a gravação, pois as imagens estão bombando nas redes sociais. Se você não pretende votar em Luciana, recomendo que não veja o vídeo. Pode mudar de voto.

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