ZORA NEALE HURSTON, ANTROPÓLOGA E ESCRITORA

ZORA NEALE HURSTON, que nasceu no dia de hoje, 7 de janeiro, em 1891, antropóloga e romancista, foi aluna de Franz Boas e pesquisou extensamente comunidades negras da Florida e das Antilhas. Foi também uma das mais ativas participantes do Renascimento do Harlem, movimento cultural de valorização da cultura negra, incluindo literatura, artes plásticas, música e dança.

As monografias de Zora descrevem as especificidades das comunidades afrodescendentes do sudeste dos EUA, especialmente da Florida. Ela recuperou depoimentos em gullah, um dialeto do inglês com marcantes influências de línguas africanas. Seu legado mais importante, entretanto, é o romance Their Eyes Were Watching God, publicado em 1937, que a colocou entre os principais autores norte-americanos da época. O livro foi traduzido (ainda não descobri por quem) e publicado em 2002 pela Record, com o título de “SEUS OLHOS VIAM DEUS”. Só é encontrado em sebos.

A trajetória de Zora Hurston foi trágica. Depois de enfrentar as dificuldades acadêmicas para conseguir frequentar Barnard College e a Columbia (com enorme esforço de Boas) e ficar famosa com a publicação do romance, foi rejeitada por alguns dos intelectuais mais proeminentes do Renascimento do Harlem, inclusive Ralph Ellison, autor de “O Homem Invisível”, publicado pela Marco Zero, que diziam que sua obra “não era suficientemente militante”.

Em poucos anos Zora Hurston passou de escritora de sucesso a empregada doméstica e morreu paupérrima, em um asilo, em Fort Pierce, na Florida, em 1960. A escritora Alice Walker autora de “A Cor Púrpura” – também publicado pela Marco Zero -, em 1975 conseguiu localizar seu túmulo e escreveu um artigo recuperando sua importância, fazendo que o romance fosse reeditado e traduzido.

O romance de Zora Hurston é fantástico, como literatura, documento antropológico e, sim, militância. Mostra as divisões que cruzam as comunidades de afrodescendentes, inclusive em relação à mestiçagem e ao papel das mulheres. A personagem principal, Janie Crawford, é uma lutadora que passa por três casamentos, enfrente problemas terríveis e se afirma como mulher. Curioso é que a cidade onde transcorre a maior parte da ação do romance tem o mesmo nome da cidade para onde Zora se mudou e cresceu, Eatonville.

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